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À Descoberta de Torre Moncorvo
- Passeio Judaico
Passeio Judaico


Hebreus e Cristãos, juntos, fazem parte do ramalhete da cultura Nacional. Os primeiros também tiveram grande influência na nossa região. Torre de Moncorvo foi sede de Rabinato e, neste passeio, vamos ao encontro do seu “modus vivendi”; mestres de ofícios, comerciantes, mercadores, imaginam-se a viver nas ruas estreitas de Moncorvo, reunidos em oração, no que hoje são identificadas como sinagogas, enviando-nos para um tempo que se quer indelével…
Descarregue a Aplicação:
Informações:
- Visitas Guiadas por Marcação Prévia Obrigatória
- E-mail: turismo@torredemoncorvo.pt ou Telefone: 279 252 289
- Mínimo de participantes: 5 pessoas
- Reservas antecipadas e condicionadas à disponibilidade para a data e horário pretendido
- Ponto de encontro / Local de partida: Loja Interativa de Turismo
- Distância: 660 m
- Dificuldade: Média, Baixa
- Duração: 35min (aproximadamente)
- Recomendações: Vestuário e calçado apropriado
- Horário: Terça a Domingo das 10h00 - 13h00 e das 14h00 - 17h00
- Passeio inclui guia: Sim
Percurso:
1. Centro de Estudos Judaicos Maria da Assunção Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues
Até 1496 os judeus viviam em Torre de Moncorvo separados dos cristãos, num arruamento próprio a que chamavam judiaria e que em Torre de Moncorvo se situava nas traseiras da igreja da Misericórdia. E por esse espaço pagavam uma renda que os reis de Portugal concessionaram aos Senhores de Sampaio. Depois que a religião judaica foi proibida, as judiarias são extintas e as sinagogas encerradas, aquele espaço tomou o nome de rua Nova. Nesta rua ainda hoje existe uma casa daqueles tempos, que a tradição popular sempre identificou como sendo a sinagoga dos judeus. Atualmente alberga o Centro de Estudos Judaicos Maria Assunção Carqueja Rodrigues e Adriano Vasco Rodrigues.
Coordenadas GPS: 41.175986, -7.051794
2. Igreja da Misericórdia e Casa do Despacho
A irmandade da Misericórdia de Torre de Moncorvo foi instituída na primeira metade do séc. XVI. Como forma de demonstrarem a adesão à fé Católica, bem como de esconderem a manutenção das práticas judaicas proibidas, muitos cristãos-novos praticaram atos de apoio e de caridade às práticas religiosas. A adesão às recém-criadas irmandades foi uma das formas.
No caso de Torre de Moncorvo sabemos que o cristão-novo Vasco Pires, mercador que residiu nesta vila “foi o recebedor do dinheiro que se dava de esmola quando se fez a casa da misericórdia”; e após denúncias foi preso em 1560 na Inquisição de Lisboa, onde acaba por confessar as suas práticas. O Dr. André Nunes, advogado e procurador da Correição, igualmente prisioneiro da inquisição (1583), foi irmão da Misericórdia e disputou o cargo de provedor da mesma. Conhece-se ainda outros irmãos cristãos-novos nesta instituição, como Luís Vaz, lavrador, preso pelo Santo Ofício em 1557, ou Pero Henriques Julião, preso em 1618. Refira-se, por fim, o escrivão da câmara, com um quarto de cristão-novo Pedro de Morais do Sil, que foi irmão dos nobres na casa da Santa Misericórdia de Torre de Moncorvo e dos 12 da mesa dela e tesoureiro duas vezes da dita casa, e acabou por ser preso e condenado pela Inquisição de Coimbra em 1673.
Coordenadas GPS: 41.175874, -7.052102
3. Rua dos Sapateiros
A rua dos Sapateiros, localizada nas proximidades da Judiaria era povoada essencialmente por Judeus. Após a conversão, registam-se nos processos da Inquisição cinco pessoas a exercer a arte de sapateiro em Torre de Moncorvo. Por outro lado, nos mesmos processos verifica-se a residência de vários judeus conversos neste arruamento, como é o caso de Pedro Henriques Julião, que aqui possuía a sua residência, bem como outros edifícios. De referir igualmente a habitação de Manuel Rodrigues Isidro, recebida em dote de casamento e avaliada em 200 mil réis.
No âmbito das prisões ocorridas entre 1641 e 1652, a rua ficou praticamente deserta, segundo descrição do familiar do Santo Ofício, Pedro Saraiva de Vasconcelos, tendo os seus habitantes seguidores da Lei de Moisés fugido para Castela.
Coordenadas GPS: 41.175767, -7.051210
4. Casa da Pelicana
Edifício do séc. XVI que, segundo uma já longínqua tradição (primeira metade do séc. XVIII), atribui como o local de nascimento da cristã-nova Violante Gomes, a Pelicana, mãe de D. António, Prior do Crato (1531-1595), pretendente ao trono de Portugal.
Coordenadas GPS: 41.174913, -7.051332
5. Praça Francisco António Meireles
Espaço comercial por excelência, a praça apresentava-se em Torre de Moncorvo, como o espaço mais desejado por judeus para a realização do mercado e feira. O caso terá mesmo originado uma luta política no séc. XV, entre o poder municipal e o judeu Juça Marcos, rendeiro do almoxarifado de Torre de Moncorvo, reivindicando este que a feira se fizesse na praça do arrabalde, e os vereadores dentro das muralhas da vila.
No período posterior à conversão forçada dos judeus, a atividade económica, política e social mantém-se neste local, sendo palco da intensa atividade comercial dos cristãos-novos.
Coordenadas GPS: 41.174794, -7.052062
6. Tribunal
Onde hoje se situa o Tribunal Judicial da Comarca de Moncorvo, existiu um edifício que funcionou como casa da Câmara, audiência e cadeia desde, pelo menos, o séc. XVI. Neste edifício estiveram presos alguns cristãos-novos. Mas talvez a curiosidade mais relevante é o facto de um escrivão da câmara, de nome Pedro de Morais do Sil, e com parte de sangue cristão-novo, ter sido preso pela Inquisição por denúncias de judaísmo.
No atual edifício, a porta de entrada é decorada com as tábuas da Lei, entregues por Deus a Moisés, que representam a justiça, e símbolos de veneração pelos Judeus.
Coordenadas GPS: 41.174737, -7.052569
7. Casa dos Lopes Navarro
Ao findar do primeiro quartel do século XX, foi lançada, a partir do Porto, pelo capitão Barros Basto, a chamada Obra do Resgate, com o objetivo de promover o regresso dos marranos ao judaísmo. Tal movimento teve particular desenvolvimento na região de Trás-os-Montes. Na vila de Torre de Moncorvo, seria no rés-do-chão da casa da família Lopes Navarro, ao Rossio, que a comunidade judaica se reunia em sinagoga, razão por que também lhe chamam a sinagoga nova.
Coordenadas GPS: 41.174232, -7.052384
8. Igreja Matriz de Torre de Moncorvo / Tríptico da Santa Parentela
A construção da atual Igreja de Santa Maria, matriz de Torre de Moncorvo, remonta ao séc. XVI. Os fundos para esta grandiosa obra provieram em grande parte do rendimento do cultivo do cânhamo nos terrenos do vale da Vilariça consignados por ordem régia para a construção da mesma, havendo um considerável número de cristãos-novos identificados como rendeiros quer de propriedades agrícolas, como da cobrança dos rendimentos das instituições eclesiásticas e régias.
A comunidade cristã-nova de Torre de Moncorvo desempenhou um papel relevante para a concretização deste templo, não só através de esmolas, como participando nas diversas confrarias aí sediadas, como é o caso da Confraria do Santíssimo Sacramento, das Almas, de Santo António e de Nossa Senhora do Rosário. Estes dados são em grande medida fornecidos nos processos da inquisição, como é o caso do processo de Pedro Henriques Julião, preso em Coimbra no ano de 1618, que refere que abonou a feitura de um retábulo que se fez na Igreja, bem como um painel do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, colocado no altar de Nossa Senhora do Rosário.
Manuel Rodrigues Isidro, natural de Torre de Moncorvo, destacado mercador portuense com negócios na Índia, Moçambique, Angola, Brasil e Países Baixos, aquando da sua detenção em 1658, referiu possuir entre 18 e 24 painéis de madeira importados de Bruxelas. Sabe-se que o tríptico da parentela de Santa Ana, terá sido produzido em Antuérpia entre 1500 e 1520.
Coordenadas GPS: 41.173883, -7.052700
9. Casa que a tradição relaciona com a Inquisição
A tradição aponta este edifício como “a casa da Inquisição”, possivelmente por nela ficarem instalados os inquisidores e os comissários do Santo Ofício quando se deslocavam a Torre de Moncorvo em visitação, a inquirir testemunhas, fazer devassas e outras diligências. Foi particularmente importante a visita do inquisidor Jerónimo de Sousa, ocorrida em 1583, em que foram denunciados 67 cristãos-novos.
É também conhecida por “casa dos Jesuítas” já que na fachada principal ostenta a insígnia desta ordem religiosa, esculpido em pedra de granito.
Coordenadas GPS: 41.173222, -7.053036